May 6, 2018

NL#1 – Neuromante e a sua actualidade em relação ao perigo das máquinas

Big Data, Inteligência Artificial, Machine Learning… Nada disso é novidade para qualquer pessoa que esteja 30 minutos diários online pelo Reddit (se calhar até já no Facebook aparecem estas buzz words).

Isto não é de todo novidade para William Gibson em 1984 quando publica “Neuromante” (ou “Neuromancer”, para ficar mais bonito). Este thriller policial foca-se numa possibilidade pensada por Gibson do que as máquinas podem vir a ser e, mais importante, fazer num futuro que não sabe ele quão próximo está.

Gibson confronta o nosso protagonista, Case, um ex-hacker a cumprir a sua punição de não poder aceder à matrix, com duas (!) identidades distintas de uma inteligência artificial que se querem unir (pelo menos uma, a outra não se incomoda com esta união ocorrer ou não) e ultrapassarem as limitações de Turing, um conjunto de regras muito semelhante ao que Asimov descreveu na sua saga sobre robôs, iniciada em 1950 com a publicação de “I, Robot”.

Face a novas circunstâncias, sinto que é um livro que devo obrigatoriamente reler, mas tenho agora algum medo por na altura em que li não ter sentido que era o livro cativante que estava a contar que seria. Gostei da articulação dos dois mundos, o real e o virtual, mas perdi-me ao começar o livro com ideias já concebidas do que queria que acontecesse.

A William Gibson: se na altura tivesse consciência do uso que agora queremos dar às máquinas, em campanhas mais dirigidas de marketing online e na tomada de decisão em instituições financeiras, penso que não teria alterado uma única vírgula na sua mensagem de “tenham cuidado com o que fazem”.

 

Catarina Cunha