June 16, 2018

NL#4 – Como acabar com o Mundo ou as milhentas desgraças que nos podem acontecer – Parte 3

Armageddon Antropogénico

O impacto da civilização humana no planeta faz sentir os seus efeitos desde as primeiras experiências agrícolas e, à medida que crescemos em número e evoluímos tecnologicamente, esse impacto torna-se cada vez mais global e de maior potencial destrutivo. Olhando apenas para os últimos duzentos anos, desde o início da Revolução Industrial, os níveis de poluição e contaminação, a disrupção de ecossistemas instalados, o número de espécies extintas e as alterações climáticas registaram níveis de crescimento exponenciais, sem registo igual na história geológica da Terra

Alterações Ambientais

Se se partir de um ponto de vista científico sério, já não existem grandes dúvidas sobre a correlação entre a actividade humana e a subida da temperatura média do planeta, a um ritmo que não encontra paralelo geológico, pelo menos desde que existem seres humanos à face da Terra. A panóplia de consequências que esta mudança drástica de clima poderá ter em toda a biosfera é, no mínimo, assustadora.

Efeito de estufa

Entre a dependência de combustíveis fósseis e os subprodutos da pecuária, a quantidade de gases propiciadores de criar as condições de aquecimento global tem vindo a escalar quase exponencialmente, desde o advento da Revolução Industrial. Monóxido de Carbono, Dióxido de Carbono e Metano impedem a reflexão de calor de volta ao espaço e provocam o aumento da temperatura média do planeta, destruindo s calotas polares, provocando a subida da temperatura do mar, matando recifes de coral, perturbando a oxigenação dos oceanos e influenciando climaticamente em todos os ecossistemas planetários. Períodos de seca prolongada nalguns sítios do planeta, tempestades de intensidade nunca vista noutros, provocarão o caos nos sistemas de cultivo actuais e porão em causa a biodiversidade que sustenta toda a nossa alimentação.

Subida do nível da água do mar

Esta é a consequência mais óbvia e directa do derretimento das calotas polares. Um estudo recente liderado por Steve Nerem, professor de Ciências e Engenharia Aeroespaciais na Universidade de Colorado Boulder e membro da NASA’s Sea Level Change Team, parece indicar que a subida do nível médio das águas do mar tem vindo a acelerar, em vez de apresentar uma subida gradual. Baseado em 25 anos de dados de satélites europeus e da NASA, o estudo estima que esta aceleração, alimentada pelo degelo verificado na Gronelândia e na Antártida, aumenta para o dobro as previsões de subida do nível do mar até 2100, chegando aos 65 cm. Para as cidades costeiras, isto significa que as tempestades vão entrar mais para dentro de terra do que antes e as cheias vão escalar em tamanho e intensidade. Lugares como as Maldivas, que estão a apenas 2m acima do nível do mar actualmente, podem estar condenados ao desaparecimento completo. Áreas como o Bangladesh e os Países Baixos, em que a maior parte do território está abaixo do nível do mar terão sérios problemas em continuar a reclamar território ao oceano.

Disrupção das correntes oceânicas

Os oceanos estão todos ligados por um sistema de correntes térmicas responsáveis por redistribuir o calor acumulado no mar por todo o planeta. A água aquecida nas zonas equatoriais e no Pacífico, menos densa e com menos teor de sal, é direccionada à superfície para o Atlântico Norte, onde é arrefecida pelo Ártico, se densifica e ganha maior teor de sal, o que a faz afundar, sendo depois redireccionada de volta às regiões originais, par voltar a ser aquecida e voltar a entrar na corrente quente de superfície. É esta “cinta de convexão” que permite que a Europa, às mesmas latitudes que a metade Norte dos EUA, goze dum clima bem mais temperado.

O degelo do Ártico despeja quantidades enormes de água doce gelada nos oceanos, perturbando esta circulação termohalina (Thermos = temperatura; halina =sal) e podendo vir a pará-la completamente. A água nos oceanos do Sul registaria uma acentuada subida da temperatura, deslocando a linha de monções para Sul e provocando um aumento do número e intensidade das tempestades tropicais, sem precedentes. Por outro lado, a América do Norte e a Europa veriam a época das tempestades de Inverno alargada a primavera e no Outono, com drásticas descidas de temperatura e a entrada no que seria equivalente a uma mini Idade do Gelo. As consequências nas infraestruturas e na estrutura de cultivo actuais seriam catastróficas a nível global.

Esgotamento dos recursos não-renováveis

Grande parte da economia actual é baseada em matérias-primas não renováveis, que continuam a ser extraídas a cada vez maior ritmo. Os combustíveis fósseis são o exemplo paradigmático desta situação. A extracção de petróleo é cada vez mais tecnológica e ambientalmente exigente, para um retorno cada vez menor em termos de recursos. Mas todos os recursos minerais caminham para o mesmo destino. As reservas do que minamos do interior da terra demoraram milhões de anos a formar-se, ou foram depositadas nas suas quantidades finais há milhões de anos e não há maneira de as renovar. Extraí-los vai tornar-se cada vez mais difícil e com maior impacto ambiental e as quantidades extraídas vão ser cada vez menores.

 

 

 

 

Autoria: Ana Carrilho